terça-feira, 5 de maio de 2009

António Barreto falou da relação da família, escola e sociedade na Gomes Teixeira


O sociólogo António Barreto foi o orador convidado em mais uma iniciativa no âmbito do programa "Porto de Futuro". A sessão decorreu na Escola Gomes Teixeira e contou com a presença do Presidente da CMP, Rui Rio, e de Vladimiro Feliz, Vereador da Educação, Juventude e Inovação.


A relação "difícil e em permanente mudança", como o próprio orador a caracterizou, entre a família, a escola e a sociedade foi o tema central da intervenção de António Barreto, que discorreu sobre a evolução histórica, mas sobretudo sociológica, do conceito de família, fundamentalmente ao longo do último século."

A escola é hoje educação, instrução, cultura, desporto, namoro, saúde, cidadania, educação sexual, enfim, tudo o que estava reservado a outros sectores, desde a religião à família, está agora a cargo da escola à qual está acometida uma função integral", um conceito com o qual confessou não simpatizar muito, por não gostar que a escola "resuma todas as funções de sociabilização".

Sem ter a veleidade de apresentar "soluções perfeitas" e embora reconheça virtudes ao modelo actual de "escola moderna e institucional" - é, na sua óptica, mais democrática e promotora da igualdade entre os cidadãos - o sociólogo, ele próprio professor, não se eximiu em apontar-lhe alguns defeitos graves, desde logo por, em sua opinião, concorrer para a abdicação e resignação dos pais no processo educativo, um fenómeno resultante em larga medida dos horários e ritmos de trabalho impostos pela sociedade actual.António Barreto destacou, a propósito, "os progressos notáveis" que têm vindo a ser alcançados neste domínio nalguns países - fundamentalmente nórdicos - através de experiências na elaboração de horários de trabalho diferenciados.

"Temos de pensar nisto muito a sério, porque não se trata de um luxo, antes pelo contrário", afirmou, ao mesmo tempo que defendeu a necessidade de atrair os pais à escola, investidos de "poderes e competências reais" e não apenas como meros sujeitos passivos.

A evolução da institucionalização da escolaridade obrigatória, que, com o andar dos tempos, se transformou em "direito social", a perda de terreno das famílias em relação à Internet e o problema da violência nas escolas, que, apesar de tudo, considerou "moderado ou mesmo diminuto", constituíram, igualmente, alguns dos subtemas da sua intervenção.

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